quarta-feira, 5 de junho de 2013

Ressurgindo das trevas


A chuva não parava um segundo sequer. Eu até estranharia se eu não estivesse produzindo tamanho derramamento de sangue. Sim, chovia sangue. Enfim descobri meu propósito, enfim descobri alguma coisa em que eu era realmente bom. Eu não sou um amante, não sou um bom moço, sou um assassino. Cada garganta cortada, cada membro amputado, cada homem decapitado me dava mais certeza de minha missão. Eu fui criado para matar, banhado em ódio desde pequeno para não sentir a menor compaixão pelos homens que agora imploravam por sua vida. Minha lâmina deslizava com certa facilidade por seus corpos, até porque não era uma espada qualquer. Eu empunhava Euturiel, uma espada de lâmina negra, herdada a mim por meu mestre. Só isso já demonstrava o quanto eu era letal, já que assassinos comuns usavam armas comuns, enquanto eu empunhava uma espada forjada com o próprio calor do inferno.

O sangue deixava a lâmina de minha espada cada vez mais bela, além disso, matar me dava prazer. Fui convocado para matar setecentos homens junto com Sara, uma assassina como eu, e por fim, destruímos um exército com mais de cinco mil. Ela olhava pra mim achando certa graça mostrando seus cabelos ruivos pelo sangue. Tínhamos uma coisa em comum, éramos sozinhos no mundo, e mesmo não tendo sempre a companhia um do outro, lutávamos bem juntos. Sua arma era uma alabarda tão grande quanto ela mesma. Era encantadora até mesma banhada em sangue. Quando lutava parecia estar dançando, uma dança letal para quem assiste, é claro. Quanto mais adentro da cidade entrávamos, mais perto estávamos do nosso objetivo. Fomos convocados para matar o primeiro ministro e é claro que o extermínio na frente da cidade chamou a atenção dos militares. Quanto mais melhor. Ainda bem que nós não limpávamos nossa própria bagunça. Matar havia se tornado uma diversão, e até apostávamos quem matava mais. É claro que era uma competição injusta, pois eu não ganhara o apelido de demônio em vão, mas, tudo pela diversão.

- Está cada vez mais fácil, Adriann. – não era por menos, havíamos matado todo um exército e agora nos divertíamos com os poucos cidadãos da cidade. – Esses não tem graça...

- Calma Sara, o melhor ainda está por vim! – eu tinha certeza do que falava.

- Como assim? Está me escondendo alguma coisa?

- Surpresas fazem parte da diversão, não é? – Um sorriso largo se abriu naquele rosto angelical.

Eu não estava ao certo do tamanho do problema em que estávamos. Sabia muito bem que éramos letais, mas o que vinha pela frente era terrivelmente perigoso. Eu não fazia ideia do que era, mas sentia Euturiel vibrando em minha mão com fúria. A lâmina negra pressentia o perigo.

As portas do prédio do primeiro ministro foram escancaradas com o chute dado por mim. O salão estava repleto de guardas, mas estes não eram o verdadeiro problema. O salão de entrada do prédio tinha um teto alto piso de carvalho. As paredes eram vermelhas e diversos itens de prata e ouro que decoravam mostravam a nobreza do lugar. Uma escada larga e forrada com um tapete azul levava até o andar de cima onde ele me esperava. Não havia nenhum outro ser capaz de me derrotar além dele. A espada não vibrara em vão. O risco de perder seu novo amo era imensa.

- Adriann, mas como pode? Em cima das escadas, é você!

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